terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Dança - Pablo Neruda.

Olá, 

Hoje vou deixar vocês com um pouquinho de Pablo Neruda. 


A DANÇA

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.



ANTES de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.



E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.



Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,

Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.






Beijos e até o próximo post...


2 comentários:

  1. Rô, vc já leu O livro das perguntas, com tradução de Ferreira Gullar e gravuras de Isidro Ferrer? É uma delícia.

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  2. Não li não Chorik, MAS vou procurar para comprar.

    Obrigada pela indicação...

    E parabéns pelo seu blog...

    bj

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